quarta-feira, 31 de março de 2010

Solidão, minha amiga


O amor correspondido da forma mais pura nos torna pessoas mais sonhadoras, maleáveis, simplesmente apaixonadas.
Já faz um tempo que eu não sei o real significado de amar. Já faz um certo tempo desde a última vez em que nos encontramos. Já faz uma eternidade que eu estou completamente decepcionado com você.
Hoje torna-se engraçado ao perceber o nível de tolice atingido por uma pessoa quando está apaixonada. Contar os minutos para finalmente ver a pessoa amada, perceber como o tempo passa rápido quando está ao lado dela, lutar contra o tempo que parece ser seu inimigo, pois o mesmo não colabora, os dias não passam e a saudade aumenta. Os momentos tornam-se inesquecíveis. Atos simples como rir, conversar sobre o que têm em comum, planejar o futuro (inocência), o toque dos lábios, um abraço. São impagáveis, memoráveis e únicos.
O amor deixa de ser amor quando o sentimento deixa de ser compartilhado por duas pessoas. Ela não diz que te ama, prefere mudar quando o assunto é a próxima vez em que irão se encontrar novamente. Ela simplesmente esquece da sua existência. A pessoa sente-se desolada e questiona o porquê de tal mudança repentia. Será que amar uma pessoa é um erro? As pessoas simplesmente não querem ser amadas? O coração é tão frio e vazio ao ponto de esquecer o sentimento alheio? São questões que demoram a ser respondidas, assim como a tentativa de apagar da memória a pessoa que tanto amou (ou ama).
A certeza de um amor que duraria anos foi completamente destruída em pouco tempo. E aqui estou, pensando se vale a pena arriscar gostar de alguém novamente.


''What's the use of fallin' in love?''

O retrato do esquecimento


Já se passaram mais de 80 anos. Uma vida e tanto. As lembranças de sua juventude estão marcadas no passado, há muitos anos. Hoje ela pouco representa algo para sua família.
A idade chegou, os dentes caíram, os fios de cabelo ficaram brancos. A saúde já não é mais a mesma. A pobre senhora tem de ir ao hospital semanalmente para verificar a quantas anda sua frágil saúde. Ela nada pode fazer sem o acompanhamento de uma pessoa. O mundo tornou-se pequeno demais para ela, deixando-a na completa amargura. Ela tem 6 filhos. Todos crescidos e com carreiras encaminhadas para o sucesso. Não se importam com sua mãe, o que é prazeroso para eles é o ver o enriquecimento de seus trabalhos. O descompromisso é total quando referem-se à mulher que os gerou durante 9 meses dentro de seu ventre. A mulher, que um dia foi jovem, tentou passou por todas as dificuldades para dar uma vida digna aos seus filhos. A tentativa de compreender tamanho desprezo vindo de sua família é inválida. Ela questiona se aquela chinelada, aquele puxão de orelha ou aquela bronca dada em tentativa de corrigir o erro dos filhos para torná-los pessoas melhores causaram a ira que ficou reprimida durante anos.
Os dias passam e hoje é seu aniversário. Ela foi a única a se lembrar da data. Teve companhia, mas não estava presente. Passou grande parte do dia vendo as velhas e amareladas fotos de seu casamento, remetendo-a às lembranças do quão feliz e bonita era. Seu marido morreu há mais de 20 anos, mas as memórias continuam presentes. Assim terminou o seu dia.
A única expectativa que restou na vida da senhora é pura e simplesmente de ter o reconhecimento e carinho de seus filhos, passando os dias restantes de sua vida ao lado deles ao invés de terminar o ciclo da vida numa cama de hospital como uma mulher velha, sem amor e sobretudo sem ninguém.

sábado, 6 de março de 2010

Repulsa à família


Ele deseja sumir de casa. Esquecer de tudo e todos. Não vê a hora de ser independente. Ele, sinceramente, não aguenta mais a vida em família.
A mudança de seus pais foi drástica. Seu pai, que um dia foi considerado seu fiel amigo, hoje definitavamente não é o mesmo, o ''velho'' encontra-se afastado, manipulado pelo grande e sujo poder divino. Uma marionete. Quando chega em casa, a primeira coisa a fazer é esconder-se em seu ninho, vivendo em seu pobre mundo onírico e lendo falsas hipocrisias milagrosas. Seus atos e conversão são limitados ao extremo. Sua mãe tem um temperamento forte e explosivo (problema hereditário). Não suporta ter de lidar com a vida de dona de casa, é tedioso e insatisfatório. Sempre anseou em crescer na vida, mas não pode ver a novidade do momento em sala/cozinha que já deseja o quanto antes. Sua vida desiludida é contada diariamente para seus filhos, que certamente não aguentam ouvir sempre a mesma coisa ''o seu pai fez aquilo'', ''o preço de tal produto aumentou'', ''eu não aguento mais ter de limpar essa casa''. Exaustivo. Ele tem uma irmã, pouco mais 6 anos mais velha que ele. Sua suposta maturidade não condiz com o seu comportamento mental, age de forma imatura, e mesmo sendo adulta, é uma criança mimada. às vezes procurar fazer algo para agradar o irmão. Seu afeto é financeiro, pois amor e carinho não fazem parte dela.
Todos o julgam e criticam de forma destrutiva. Vivem de juntos, completamentes um do outro.